segunda-feira, 10 de agosto de 2009

As menininhas ?

Elas brincavam no jardim, com margaridas e borboletas, corriam atrás destas, tinham essa malícia, mas a inocência que a coitada da borboleta iria pousar, só pra aquelas menininhas tivessem seu encanto realizado. Do lado do tal jardim um pomar, onde se concetrava o aroma da magueira, o som das jabuticabas caindo do pé, pretinhas, pretinhas, o gostinho das uvas, as quais elas gastavam tardes inteiras vendo quem comia mais cachinhos, e a beleza das flores-de-maracujá, uma beleza docinha, mas amarga lá no fundo, mesmo assim muito gostosa. Elas iam à escola já sabiam o que iam ser, uma iria ser médica, a outra queria fazer engenharia de alimentos, morar fora e ter um restaurante. Elas tinham cabelos loiros, com cachinhos nas pontas. Não ligavam muito pra aparência, mas toda vez que passavam batom nem se mexiam, pro danado não sair. Elas acreditavam que se a gente se esforçasse, tudo seria pra sempre, assim como o batom. Contudo, não era maquiagem definitiva (até porque naquela época a mídia não tinha tanto peso sobre a beleza, e o belo era o natural) o batom saia, assim como mais tarde elas descobriram que nem tudo é pra sempre. Passou um tempo e os cachinhos foram cortados, o cabelos escureceram e elas cresceram. Aproveitaram tudo de sua infãncia, desde pescar até jogar video game. Moravam com o irmão e com a mãe, que de vez em quando arranjava um namorado, folgado e mesquinho, que deixava o último pedaço de pudim, que era SÓ dele na geladeira uma semana, fazendo vontade. Mesmo assim elas arriscaram e chamaram ele de pai. Passou um tempo e assim como o batom, ele foi embora, ou melhor, levou um 'rechunchudo' pé na bunda. Depois disso nunca se atreveu a chamar mais ninguém daquele nome, tão sagrado pra uns, mas com nenhuma importância pra elas aquela época.

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